Crônica AMAR É ASSIM "MERMO"

  AMAR É ASSIM "MERMO"

  "E é de amar-te assim..." Começando assim para falar de amor, né? "amor que não se mede" nem em palavras... Amor que se diz amar em gestos, temores e inocências. Ah, mas poemas de amor, caro Pablo Neruda, vi não... confesso que me assustei! Casal jovem trocando olhares, presentes, momentos e palavrões... ops... Palavrões???? Isso mesmo Pablito!!! Bebi mais um chopinho e pensei em meus amores... uns mortos, outros ausentes, outros ali tão perto, mas distante de minha essência, nossa essência talvez... Ou quem sabe, o que chamo de amor não é amar... Ih... corri de mim e dos meus pensamentos... Mais um chopp!

  Voltei a olhar o jovem casal: mulherão de corpo e alma, cabelos e sorrisos, rapaz simpático... pequeno (amor não se mede Mônica!!!), mas olhei sorrateiramente (aquele olhar de quatro "chopis") pequeno em relação ao mulherão ao seu lado... mulherão de alta... Enfim, sorrisos, beijinhos e um foda-se! Ui... virei mais um copo! É Veríssimo, seguiram à risca do foda-se faz bem!! Vamos lá, F O D A - S E... numa voz aveludada gritante, foi a mulher!! Sim!! Veio do mulherão!! Olho, como quem não quer nada... querendo saber tudo... e vejo o rapaz sorrir e trocar carinho numa rapidez de Rubinho Barrichello ficar com inveja, e o mulherão também a sorrir num charme de quem ama... Pedi mais um chopp, um churrasquinho... pra distrair.

 "Dentro dos meus braços
Os abraços hão de ser milhões de abraços
Apertado assim, colado assim, calado assim
Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim..."

  Assim que me pareceu, Vinícius de Moraes, uns sussurros, uns carinhos... bonito de ver... até me empolguei e dei uma "olhadela" ao redor... chega de saudade ué! Mais um chopinho. Gosto de ver jovens casais curtindo umas músicas tipo Bossa, tipo Chico... e assim, vou me encantando e... vai tomar no cu... OPS!! Ouvi isso? Nossa!! A voz aveludada novamente!! Matei a charada musa Agatha Christie, matei a charada! Foi a mulher, o mulherão... olhei né, e ele, o rapaz simpático, olhou pro mulherão e disse "o quêêê???" Ela: "nada amor, tem que ser tomar no cu três vezes, uma só é carinho, nosso amor é maior que isso, você sabe que te amo, te quero, te..." Tapei os ouvidos! Coisa feia olhar namoro alheio, já não basta, Dona Mônica, seus pecados? Quer mais? Êta pensamento chato, quero lá saber de valores, quero olhar os jovens "amando-se". E nisso um chopinho né?

  E assim, o jovem casal continuou se amando, se beijando, se acariciando, se fudendo... ops! Chega de chopp! A conta, por favor!!!!

 Voltando para minha humilde residência, com alguns chopinhos nessa consciência que insiste em, ainda, me levar pra casa, cantarolei Noel, Cartola... Lembrei de Pessoa "...E vê que ele mesmo era a princesa que dormia". O casal ficou em minha mente, se amam sim, porque não? Tantos casais que colecionam bodas nunca se amaram, tantos casais desconhecem o prazer, "quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração? E quem irá dizer que não existe razão?" Por aí...

  Confesso que fico surpresa com formas de amar, se estou ultrapassada? Talvez! Se discordo? Não, pois vi essência! Concordo? Dou um sorriso e lembro que "foda-se" significa importar-se... E... "Tomar no cu" tem que ser três vezes pois uma vez só significa muito, mas muito entusiasmo! E... Sendo assim, vão se amando cada dia mais com um vocabulário que Aurélio reprovaria, mas Chico Buarque talvez fizesse um poema, e eu apenas "croniquei".

Mônica Braga