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sexta-feira, 17 de maio de 2019

Ginga e reflexão na semana da Abolição

Ginga e reflexão na semana da Abolição
Jornalista Mônica Braga

Macaé ganhou uma noite de reflexão nesta semana, o 13 de Maio, onde cerca de 80 pessoas compareceram ao evento que teve como referência o resgate e a cultura Afro Brasileira, como também a reflexão da data no dia de hoje, através da ginga da Capoeira, numa aula especial do Mestre Kiko.
Esse evento com o tema Abolição fez parte da proposta da Coordenadoria Geral de Políticas Sociais e Igualdade da Secretaria de Desenvolvimento Social, Direitos Humanos e Acessibilidade, representada pelo Mestre Alexandre Gabiru, que enfatizou o trabalho do Grupo Macaé Capoeira (GMAC) junto à população, assim como a importância da representatividade negra nos dias atuais e no país que vivemos.
 - Não estamos aqui para enfatizar a comemoração, mas sim a reflexão. O que o negro representa? O que mudou? Ou ainda estamos escravos?, são perguntas sem respostas que nos levam a refletir sobre o que realmente representou a Abolição. - enfatizou Gabiru, acrescentando que a luta é diária, ainda é muito óbvia a violência contra o negro, a mulher negra. O racismo está presente em todas as classes sociais.
Quanto a importância da capoeira em todo esse contexto, destacam-se a disciplina e respeito, assim como o resgate histórico da cultura africana. "O trabalho da GMAC reflete na vida de cada um que passou por aqui. Sempre priorizo a disciplina e faço referência a nossa história, porque tudo que se perdeu, somos culpados. È preciso resgatar sempre!" - relata Mestra Kiko, que ministra suas aulas no Parque Aeroporto, e atende alunos não só do bairro como também de toda Macaé.
Tipicamente brasileira, a capoeira desenvolve em sua expressão cultural, uma mistura de arte marcial, esporte, cultura popular, dança e música. Sua ginga, além de interferir positivamente na vida de quem a pratica, cativa e encanta a todos. Assim é o caso das francesas Melissa e Alex,  que estão de férias em Macaé, acompanhando a Brenda Fernandes _ filha do Mestre Gabiru -  que hoje trabalha fora do Brasil.
Para Brenda, a capoeira está no sangue, é cultural, já nasceu admirando a ginga do pai. "Todo o trabalho da capoeira reflete nitidamente no social, tenho muito orgulho da trajetória do meu pai, que se esforça junto com os outros mestres para que o trabalho aconteça. Minha vontade é levá-lo comigo para fora do país, e poder expandir o seu valor", disse.
As francesas Melissa e Alex, não esconderam o encanto através do sorriso, "eu não conhecia a capoeira pessoalmente, muito elegante e exótico", relatou Alex. Já Melissa teve mais contato e acrescenta que a diferença de se praticar a capoeira no Brasil e fora, é que aqui há um objetivo de integração social, é o que faz toda diferença. "É muito emocionante ver tudo isso estando na terra da capoeira, não tenho palavras".
 Mariana Souza, 13 anos, revela que desde os três anos já tem a ginga na mente e no corpo, filha do Mestre Kiko, nasceu já com a capoeira. "Mas confesso que, mesmo com a influência do meu pai, meu primeiro momento com a capoeira foi sozinha, observando e, por fim, estou inserida nesse contexto e é apaixonante participar", explicou Mariana.
Os pais de alunos também relataram a diferença que a capoeira faz na vida dos filhos. "Sou pai do Murilo, 9 anos, e há sete meses está na capoeira. Tempo suficiente para perceber o quanto a disciplina acentuou em todos os segmentos, fico grato e parabenizo o trabalho e a iniciativa desses mestres, vida longa ao projeto", relatou Ronaldo Fernandes.
Grupo Macaé Capoeira - GMAC
O projeto GMAC está em pleno funcionamento há 20 anos e, atualmente vem realizando o trabalho no Parque Aeroporto, onde são oferecidas aulas gratuitas para crianças, adolescentes e adultos de qualquer faixa-etária. Além de alunos do Aeroporto, o projeto também atende vários outros  bairros da cidade. É de cunho social e tem como um dos objetivos difundir e incentivar a prática da capoeiratirando da vulnerabilidade vários jovens. Embora a proposta seja aberta a todos os públicos, os mestres esclarecem que só ganha corda quem frequenta assiduamente a Unidade Escolar e adquire boas notas, passando de ano letivo.
GMAC - Mestres Anu, Kiko, Gabiru e Vando.

"Capoeira ela é completa, pois é preciso cantar, tocar, dançar, lutar, estudar o contexto histórico, ensinar e sorrir com humildade"
Ru Aisó

GMAC



Mestre Kiko

Mestre Gabiru com sua filha Brenda e as francesas Melissa e Alex

Mestre Gabiru e a Jornalista Mônica Braga

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